estou vacinada: atotô
eu não acredito em coincidências. é por isso que domingo à noite, quando foi anunciado minha vacinação com o auto da compadecida, eu chorei feito um bebê. quatro meses atrás, quando nem imaginávamos ainda que ia ser possível nos vacinarmos esse ano aos vinte e três, minha avó (também conhecida como o amor de minha vida) se vacinou numa sexta-feira de oxalá com uma camiseta que dizia: “não sei, só sei que foi assim”…
eu não acredito em coincidências. é por isso que quando, em vésperas da segunda dose de minha avó, quando foi suspensa a vacinação, ela se vacinou com a mesma camiseta “pra dar sorte” — palavras dela. em inglês, eles dizem que third time’s a charm.
eu não acredito em coincidências. então nessa terceira vez, o que aconteceu foi esperança em verbo: esperançar é, há nesses quatro meses atrás, ter ajudado a pintar a parede que reivindica “vida, pão, vacina e educação” em que fui fotografada essa semana depois de ter, eu mesma, tomado vacina. esperançar é o que sussurra baixinho que há vida.
e é também por isso que depois de quinze dias sonhando que anunciassem minha faixa etária de vacinação especificamente em agosto, sei que é benção ser vacinada não apenas em agosto, não apenas numa segunda-feira, mas no dia do olubajé. atotô.
zé manoel sussurra em música: na minha dança o que me causa dor vira poeira. que consigamos, com o movimento de nossas danças e lutas, transformar essa terra de dores em poeira. e cura.
silencio agora. não sei, só sei que foi assim…